O cantor, que disse ter intenção de disputar a Presidência da República em 2026, chegou a ter a prisão solicitada, mas a ordem foi revogada; veja cronologia do caso.
Gusttavo Lima se viu envolvido em 2024 na Operação Integration, em que a Polícia Civil investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro. Inicialmente, as autoridades viram indícios de que sites de apostas esportivas (bets) teriam sido usados para lavar recursos obtidos por meio de atividades ilegais, como o jogo do bicho.
O cantor chegou a ter a prisão solicitada, mas a ordem foi revogada. Em dezembro, as investigações contra ele foram arquivadas pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MP-PE).
O sertanejo negou qualquer elo com os crimes. Na quinta-feira (2), o nome de Gusttavo Lima voltou a ganhar repercussão após o artista dizer que pretende se candidatar à Presidência da República no ano que vem.
O arquivamento da investigação contra o sertanejo ocorreu em 13 de dezembro. O despacho, assinado pela subprocuradora-geral de Justiça em Assuntos Jurídicos, Norma Mendonça Galvão de Carvalho acompanhou o entendimento dos promotores de Justiça que atuam no caso.
Eles consideraram que a investigação policial não apontou crimes que justificassem uma acusação de lavagem de dinheiro contra o artista e a Vai de Bet, site que tem Gusttavo Lima como garoto-propaganda.
Na época do arquivamento, a defesa da Vai de Bet afirmou que vinha apontando a “fragilidade das acusações”.
Veja a seguir a cronologia do caso:
- 4 de setembro – Avião registrado por Gusttavo Lima e vendido para dono da Vai de Bet é apreendido durante a Operação Integration.
- 23 de setembro – A juíza Andrea Calado da Cruz, da
12ª Vara Criminal do Recife, emite ordem de prisão contra o cantor. A
magistrada afirma ver indícios do crime de lavagem de dinheiro e diz que
os jogos de azar exercem “impacto devastador sobre as famílias,
atingido de forma mais cruel a classe trabalhadora”.
- 24 de setembro – Ordem de prisão é revogada. Em sua
decisão, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco, afirma que as
justificativas que levaram a juíza a decretar a detenção do artista são
“meras ilações”.
- 30 de setembro – Em live em seu perfil do
Instagram, o cantor sertanejo afirma não ser sócio da casa de apostas
online. “Não sou sócio da Vai de Bet, sou garoto-propaganda, tenho um
contrato de prestação de serviço com a Vai de Bet.”
- 8 de outubro – O Ministério Público de Pernambuco
afirmou não ter encontrado provas de ilegalidade nas operações
financeiras realizadas pelo cantor. Para uma ação penal por crime de
lavagem de dinheiro é necessário a indicação de crime antecedente. Os
promotores entendem que a mera exploração de atividade de apostas online
não cumpre o requisito porque leis de 2018 e 2023 permitiram o
funcionamento das bets no Brasil.
- 10 de dezembro – A investigação sobre o suposto
esquema de lavagem de dinheiro vira uma crise entre delegados,
promotores de Justiça e a juíza que cuida do caso. Há divergência sobre
as teses jurídicas que devem ser adotadas contra os investigados e troca
de acusações sobre suposta falta de profissionalismo e isenção de parte
a parte.
- 13 de dezembro – A Procuradoria-Geral de Justiça do
MP-PE arquiva as investigações contra o sertanejo e empresários ligados
à Vai de Bet. O órgão entende que devem prosseguir somente as apurações
da Operação Integration sobre os supostos crimes cometidos na operação
de outra bet, a Esportes da Sorte, que também nega irregularidades.
- 16 de dezembro – A juíza Andréa Calado da Cruz critica o arquivamento da investigação contra o artista e os sócios da casa de apostas paraibana, e sugere intenção de “esconder alguém ou proteger algum interesse não revelado” na Operação Integration.
O que disse Gusttavo Lima
Em
dezembro, a assessoria de Gusttavo Lima disse receber “com serenidade a
decisão da Procuradoria Geral de Justiça, que deverá acarretar o
arquivamento do inquérito e o encerramento definitivo do caso envolvendo
o nome do artista”.
Em setembro, quando foi concedido o habeas
corpus para que o cantor não fosse levado à prisão, a equipe jurídica do
sertanejo havia dito que “a relação de Gusttavo Lima com as empresas
investigadas era estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de
uma aeronave. Tudo feito legalmente, mediante transações bancárias,
declarações aos órgãos competentes e registro na Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil)”.
“Tais contratos possuíam diversas cláusulas de compliance e foram firmados muito antes de que fosse possível se saber da existência de qualquer investigação em curso”, continuava a nota.
Por fim, o comunicado afirmava que “Lima tem e sempre teve uma vida limpa e uma carreira dedicada à música e aos fãs” e que oportunamente seriam adotadas medidas judicias para “obter um mínimo de reparação a todo dano causado à sua imagem”.
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