Frostpunk 2 usa as bases de seu antecessor para contar uma trama mais surpreendente e desafiante
Lançado pela 11 bit Studios em 2018, o primeiro Frostpunk mostrou que
a desenvolvedora conseguia fazer muito mais do que havia apresentado no
elogiado This War of Mine.
Enquanto a sequência que chega às lojas esta semana mantém as bases estratégicas do game, ela as expande para testar as capacidades de gerenciamento e a fibra moral do jogador.
Frostpunk 2 começa alguns anos depois do fim de seu antecessor, no momento em que ocorre a morte daquele que foi responsável por salvar a humanidade de uma nova era glacial. Agora, cabe a você provar que tem o que é preciso para ser o sucessor desse grande herói, apostando na manutenção de uma cidade envelhecida e no combate a um frio que nunca vai embora.
No entanto, as coisas vão ser ainda mais complicadas do que no passado. Além de ter que lidar com várias facções que ganharam força com a morte do antigo líder, você também vai ter que saber responder a vários grupos de sobreviventes que encontraram outros lugares como suas casas. Tudo isso enquanto lida com recursos escassos e decisões morais bastante complicadas.
Frostpunk 2 testa os limites da sobrevivência
Ao mesmo tempo em que é bastante semelhante a seu antecessor, o novo jogo da 11 bit também traz diferenças notáveis. A principal delas é que, enquanto os centros das atenções continuam sendo em uma única cidade, você precisa expandir seus cuidados para diversas áreas diferentes, o que resulta em algumas mudanças de gameplay.
Em vez de construir casas de forma individual, por exemplo, o jogador passa a trabalhar com distritos especializados em áreas como a extração de recursos, a administração de fazendas ou a criação de casas. Conforme a história progride e pesquisas são feitas, podemos expandir cada área e produzir estruturas complementares que as tornam mais eficientes ou ainda mais focadas em algo.
Uma área industrial, por exemplo, pode ser ajustada para produzir somente bens de luxo, o que aumenta a satisfação de seus habitantes e estimula o crescimento populacional. Já uma área dedicada ao cultivo de plantas pode ser ajustada para trabalhar com produtos químicos que, se ampliam a produtividade, também podem fazer com que mais pessoas fiquem doentes.
No entanto, antes de construir e evoluir cada área, você vai precisar quebrar o gelo ao redor da cidade e ser paciente o suficiente para que esse processo seja finalizado. Mesmo quando ele está pronto, ainda é preciso lidar com recursos escassos e com o fato de que Frostpunk 2 é quase sempre uma corrida contra o tempo.
Frostpunk 2 é quase sempre uma corrida contra o tempo
Assim como no primeiro jogo, tudo parece estar contra o jogador e, mesmo quando um equilíbrio é encontrado, uma mudança de temperatura ou um evento aleatório pode mudar tudo. E é nesse sentido que entram os elementos de facções e de exploração, que são bastante fortes na sequência.
Nem sempre há como agradar a todos
Um dos aspectos destacados pela 11 bit Studios no material
promocional de Frostpunk 2 é o sistema de facções, que não demoram a ser
notadas. Como o protagonista da história (interpretado pelo jogador)
não tem o mesmo poder ou confiança do antigo líder, diversos grupos
surgem para “testá-lo” e tentar forçar suas próprias agendas.
Em ritmo constante, você vai ter que votar várias políticas para a cidade que trazem resultados tanto práticos quanto morais. Logo cedo, por exemplo, é preciso decidir se crianças devem ser aceitas como aprendizes (o que aumenta a força de trabalho disponível e os acidentes) ou se elas devem ir para a escola, o que acelera projetos de pesquisa, mas diminui os recursos disponíveis.
Enquanto dá para tratar essas opções de força meramente mecânica,
elas também impactam na aceitação das facções — da qual você precisa
para conseguir sobreviver. Caso você desagrade demais a um grupo, ele
pode iniciar várias revoltas na cidade e tornar seu governo
insustentável, por mais que ele seja baseado em “boas intenções”.
O gerenciamento dessas relações acontece principalmente em uma tela de votação, na qual é possível fazer promessas para ganhar o apoio de determinados lados. Elas podem envolver desde ceder pautas futuras para um deles, quanto construir ou pesquisar estruturas específicas ou até mesmo mudar políticas que já foram decididas (frustrando quem as apoiou no passado).
Conforme você consegue gerenciar os diferentes lados de Frostpunk 2,
ganha a confiança da população e pode usar uma espécie de “trapaça”. Ao
pesquisar certas evoluções, você pode designar votações como muito
importantes, garantindo que elas serão aprovadas imediatamente — mas
faça isso vezes demais e sua popularidade vai despencar.
Também é possível “subornar” facções dando presentes a elas e fazendo novas promessas, o que garante um lado bastante político ao jogo. No entanto, não senti uma pressão tão intensa quanto aquela prometida pelos desenvolvedores e, depois de evoluir algumas habilidades, acaba se tornando relativamente simples coibir revoltas e garantir que (quase) todo mundo está contente.
Um mundo para além da geleira
Outro aspecto no qual a sequência evoluiu é na exploração de ambientes que vão para além de sua área central. Enquanto as antigas expedições rumo ao desconhecido ainda existem, agora elas vão destravar tanto novos habitantes e recursos para sua comunidade quanto locais abertos para o povoamento.
Isso traz uma camada a mais de dificuldade e gerenciamento a
Frostpunk 2, já que força o jogador a lidar com várias comunidades ao
mesmo tempo. Isso também insere um elemento forte de comércio na
sequência, fazendo com que seja preciso lidar com rotas de trocas e
equilibrar bem locais com diferentes riquezas e escassezes de recursos.
A decisão é benéfica também para a narrativa, que exibe uma evolução notável em relação ao primeiro jogo e deixa claro que vitórias anteriores, embora devam ser lembradas, não devem ser consideradas como definitivas. No entanto, o lado mais “RPG” do game também traz consigo alguns problemas um tanto chatos do passado.
Em certos pontos de sua campanha principal, Frostpunk 2 gosta de jogar algumas “bananas” para o jogador tropeçar. No entanto, demora um bom tempo até que descubramos que caímos em algumas das “armadilhas narrativas”, o que geralmente acontece em momentos nos quais não estamos preparados para lidar bem com elas.
Nem sempre os planos da 11 bit Studios se encaixam tão bem quanto seus desenvolvedores imaginavam
Embora isso seja interessante para manter o game sempre desafiante, em algumas horas isso é simplesmente frustrante. Nem sempre os planos da 11 bit Studios se encaixam tão bem quanto seus desenvolvedores imaginavam, e não é incomum ter que refazer algumas horas de progresso para passar de certo ponto — somente para descobrir que, caso você soubesse de antemão como se preparar, o desafio apresentado não era nada complicado.
Alguns problemas técnicos pontuais
Apesar do que considero serem alguns tropeços do design de Frostpunk 2,
a parte mais frustrante do jogo vem do fato de que ele ainda não parece
pronto. O primeiro sintoma disso vem do fato de que, por mais que o
português seja definido como o idioma do game, ele sempre volta a usar o
inglês como padrão quando uma nova sessão é iniciada.
Além disso, o game é repleto de indicadores e nomes que não foram checados, impedindo de entender o que está acontecendo ou é exigido. Quando você quer iniciar uma tarefa, mas só sabe que é precisa de [AMOUNT] e [RESOURCE] para isso (conforme mostra a imagem acima), fica bastante complicado saber como prosseguir com seus planos.
Felizmente, esses foram os maiores problemas técnicos com que
precisamos lidar, e o game se mostrou estável mesmo após longas sessões
de jogo. Da mesma forma, ele manteve um desempenho constante a maior
parte do tempo e nunca exigiu recursos de CPU ou GPU de maneira
exagerada diante dos visuais que oferece — que pesam mais pelos efeitos
de neve do que pela qualidade dos modelos ou da iluminação.
Frostpunk 2 vale a pena?
Assim como o primeiro jogo da série, Frostpunk 2 não deve ser tratado como um jogo de gerenciamento tradicional, mas sim como uma espécie de RPG com fortes elementos do gênero. Visto dessa forma, ele é um game que tem alguns tropeços, mas que ainda assim consegue ser bastante competente.
Marcado por uma tensão constante e várias reviravoltas (que hora
funcionam, hora não), o jogo cumpre bem o que esperamos de uma
sequência. Ao mesmo tempo em que mantém as boas bases estabelecidas no
passado, o título é mais amplo tanto em suas mecânicas quanto em sua
história, trazendo elementos que fazem sentido e evitam a sensação de
“mais do mesmo”.
Pena que o game deixa claro que faltou um certo “toque final” em sua apresentação, que peca principalmente pela interface incompleta. Felizmente, isso é algo que a 11 bit Studios pode (e deve) corrigir em patches futuros, e é possível que a versão que chegue aos jogadores seja mais completa nesse sentido do que aquela que pudemos testar.
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