Influenciador fitness é sócio da Anidrol, investigada pela PF por fornecer toneladas de solventes para o tráfico e forjar a venda dos produtos para farmacêuticas. Caso começou a ser investigado em 2019, após AstraZeneca denunciar fraudes em notas fiscais ao MP.
O influenciador fitness Renato Cariani é investigado pela Polícia Federal, suspeito de participar de um esquema de desvio de produtos químicos para o narcotráfico produzir toneladas de drogas, especialmente crack.
Ele foi alvo de busca e apreensão na terça (12), durante operação realizada pela PF.
Na terça (12), os agentes da PF cumpriram 18 mandados de busca e apreensão em São Paulo, em Minas Gerais e no Paraná. Um dos alvos foi a casa do influenciador, em São Paulo. Ele é o
sócio-administrador da indústria química Anidrol, localizada em Diadema.
O outro foi na casa de Fábio Spínola Mota, apontado pelos investigadores como intermediador, e amigo de longa data de Cariani. Ele já foi investigado por tráfico em Minas e no Paraná. Segundo a PF, era ele quem direcionava a entrega para o tráfico. Na residência dele, a PF apreendeu R$ 100 mil em espécie.
A PF e o MP pediram a prisão preventiva do influenciador, da sócia dele e de Fábio Spínola, mas a Justiça negou.
As investigações começaram em 2019, quando a farmacêutica AstraZeneca procurou o Ministério Público para informar que a Anidrol, empresa do influencer, emitiu notas fiscais no ano de 2017 referente a movimentações de produtos químicos que não reconhecia como suas.
Logo depois da primeira denúncia, a Cloroquímica também representou
contra a Anidrol por conta da emissão fraudulenta de quatro notas
fiscais, de abril e junho de 2017. Na ocasião, a empresa afirmou que
nunca teve relações comerciais com a empresa de Cariani.
No ano seguinte, a LBS Laborasa comunicou à PF mais uma fraude em notas fiscais, emitidas pela Anidrol, juntamente com outra empresa, a Quimietest, da qual a esposa de Cariani foi sócia.
Além da PF, o caso também foi investigado e arquivado pela Polícia Civil, mas arquivado há oito meses.
De acordo com a PF, a empresa de Cariani desviava solventes como o acetato de etila, acetona, éter etílico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, todos usados para produzir cocaína e crack, e emitia notas fiscais falsas da suposta venda deles para empresas farmacêuticas de renome no mercado.
Os produtos eram entregues a Fábio Spínola Mota, amigo do influencer. Era ele quem direcionava a entrega para o tráfico. Segundo as investigações, Spínola criou um falso e-mail em nome de um suposto funcionário da AstraZeneca, com quem a empresa de Cariani teria negociado a compra dos produtos.
Os investigadores fizeram levantamentos nas notas fiscais emitidas pela
Anidrol e identificaram mais de 60 possíveis notas fraudulentas.
"O dinheiro foi depositado para a empresa investigada e as pessoas que haviam depositado esses valores não tinham vínculo nenhum com as empresas farmacêuticas", afirmou Fabrizio Galli, delegado da PF responsável pelo caso.
"Há diversas informações bem robustecidas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira consciente, não há essa cegueira deliberada em relação a outros funcionários, eles tinham conhecimento em relação ao que estava acontecendo dentro da empresa".
A PF interceptou algumas trocas de mensagens entre Cariani e sua sócia.
Apesar de antigas, as mensagens apontam, segundo o inquérito, que eles
tinham conhecimento do monitoramento por parte da polícia. O influencer
afirmou, em vídeo divulgado nesta terça, ter sido surpreendido pela
operação da PF.
"Poderemos trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia". Pelo contexto do diálogo, os investigadores dizem que o fisiculturista sabia que era investigado.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o influenciador negou envolvimento
no esquema. Ele disse que foi surpreendido pela operação da PF e
afirmou que seus advogados ainda não tiveram acesso ao processo.
"Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em "processo de justiça" [sic]. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação", afirmou.
Na mensagem, ele defende a empresa da qual é sócio.
"Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios, então, todos os sócios sofreram busca e e apreensão. Essa empresa, uma das empresas que eu sou sócio, está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981. Então, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, onde a minha sócia, com 71 anos de idade, é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, tem todas as certificações nacionais e internacionais. Uma empresa que trabalha toda regulada. Então, para mim, para a minha sócia, para todas as pessoas, foi uma surpresa", completou.
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