A dona do Instagram, Meta, não lançará o rival do Twitter, Threads, na Europa no futuro próximo, de acordo com um porta-voz da Comissão de Proteção de Dados (DPC, em inglês) da Irlanda, que regula o tema na União Europeia. A informação foi noticiada pelo jornal Independent.
O aplicativo da Meta, com lançamento marcado para esta quinta (6), vai pedir acesso a informações pessoais, financeiras, a dados de saúde e condicionamento físico e a mensagens em outros apps.
Essas
solicitações não se repetem nas plataformas concorrentes, mostrou o
site especializado Nucleo Jornalismo. O Threads funcionará em torno da
publicação de textos curtos de até 500 caracteres, aos moldes do modelo
popularizado pelo Twitter.
A reportagem procurou a Meta por email e WhatsApp na noite desta terça-feira (4), mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.
O Threads foi projetado para importar dados do Instagram, o que inclui informações comportamentais e de consumo de publicidade. A Meta, porém, divulga na página inicial do aplicativo nas lojas apenas que a tecnologia vai facilitar encontrar contatos e manter o selo de verificação de contas da rede social de fotos.
O
lançamento da plataforma no Reino Unido e nos Estados Unidos, que têm
leis de privacidade mais lenientes, está mantido para o próximo dia 6,
de acordo com o Independent.
O órgão regulador europeu já havia proibido o WhatsApp de lançar seus serviços de publicidade em território da UE. A funcionalidade está ativa no Brasil.
A percepção é de que o acesso a dados financeiros e de saúde tende a ser excessivo no caso de redes sociais. "Precisa haver justificativa de uma finalidade proporcional para esse uso", diz o diretor fundador do Data Privacy Brasil, Bruno Bioni.
As
legislações de proteção de dado da Europa e do Brasil funcionam com
base no tripé de finalidade, necessidade e adequação do tratamento e do
uso de dados.
Os
dados de saúde seriam usados em prevenção de fraude, funcionamento do
aplicativo e análise de informações, de acordo com a página do Threads
na Play Store. Essa explicação é vaga e falha em termos de compliance,
diz Bioni.
O
diretor, contudo, avalia que a ANPD (Agência Nacional de Proteção de
Dados) não deve intervir no lançamento do Threads no Brasil. "Pela
postura mais orientativa desde que foi instalada, a ANPD dificilmente
tomaria uma postura regulatória mais agressiva. A não ser que
identifique uma violação grave e sem qualquer sinal de boa-fé do
regulado."
A assessoria da ANPD também foi procurada na noite desta terça, mas não respondeu até a publicação desta matéria.
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