O YouTube decidiu bloquear os vídeos publicados pelos meios de comunicação estatais da Rússia no mundo inteiro. Até então, a plataforma de vídeos havia restringido o acesso apenas na Europa e de somente dois canais afiliados ao Estado russo, Russia Today (RT) e Sputnik, após pedido de autoridades da União Europeia.
Essa parece ser uma escalada de ações do Google contra a decisão do Kremlin de invadir a Ucrânia, guerra que se estende desde o fim de fevereiro. O YouTube tomou a medida para tentar conter o uso de veículos de comunicação para disseminar supostas fake news ou propaganda do governo russo favorável à guerra.
Na Ucrânia, o serviço garantiu que aplicará as políticas das
Diretrizes da Comunidade que proíbem conteúdo que negue, minimize ou
banalize eventos violentos bem documentados, dessa forma, qualquer foto
ou vídeo espalhado no território ucraniano que seja favorável às
agressões deve ser banido. Embora isso já existisse, não havia uma
fiscalização tão ostensiva quanto agora.
2/ In line with that, we are also now blocking access to YouTube channels associated with Russian state-funded media globally, expanding from across Europe. This change is effective immediately, and we expect our systems to take time to ramp up.
— YouTubeInsider (@YouTubeInsider) March 11, 2022
Segundo a plataforma, o bloqueio pode levar algum tempo até que todos sejam afetados, a começar pelo território europeu, mas é provável que algumas regiões ainda tenham algum acesso aos materiais publicados pela mídia estatal russa. Quando o bloqueio se expandir para o mundo inteiro, é provável que nem o uso de VPNs que mascarem o IP seja suficiente para burlar o algorimo de geolocalização da plataforma.
Guerra contra a desinformação
O YouTube já tinha desmonetizado canais russos e suspendido a compra de publicidade digital no
país. A ideia era reduzir a fonte de recursos destes sites, que contam
com total apoio de Vladimir Putin e da máquina governamental. As
matérias favoráveis ao governo Putin são acusadas de tentar minimizar
mortes, distorcer fatos ou justificar a invasão.
Um caso recente foi o bombardeio a um hospital infantil e uma
maternidade na cidade de Mariupol. Os meios de comunicação russos
correram para desmentir o fato, com a alegação de ser uma montagem,
mesmo diante de fotos e vídeos de vítimas feridas ou mortas. Algumas
teorias conspiratórias diziam que o hospital já havia sido esvaziado e
se tornado um quartel para abrigar combatentes ucranianos, com
atiradores e bombas posicionadas.
O YouTube já teria removido mais de mil canais e cerca de 15 mil vídeos por violar várias políticas do serviço, como discurso de ódio, desinformação, conteúdos com violência explícita e outras.
O Google já havia suspendido o download de aplicativos da mídia estatal russa da Play Store e bloqueado o faturamento de ganhos de desenvolvedores do país. A Apple também foi no mesmo caminho e retirou aplicativos da RT e Sputnik da loja global, assim como interrompeu as vendas de celulares e tablets na Rússia e decidiu anexar a região da Crimeia à Ucrânia no Apple Mapas.
Fonte:
Canaltech
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