Lançado na última semana pela Netflix, A Mulher na Janela (The Woman in the Window, no original) se apresenta como um thriller psicológico aos espectadores, contando com boas atuações, mas deixando a desejar com uma história vazia e pouco aproveitada.
Contudo, há alguns pontos a serem levados em consideração quando se olha mais atentamente para as proposições de Joe Wright, o cineasta responsável pela adaptação do romance homônimo de A.J. Finn.A Mulher na Janela: comparações inevitáveis a um clássico de Hitchcock
A premissa desse longa-metragem é bastante simples em sua concepção e remete muito a uma obra extraordinária de Alfred Hitchcock, o mestre do suspense. Janela Indiscreta (Rear Window, em inglês) foi lançado em meados dos anos 1950, com uma construção dramática exímia, provando que esse cineasta era muito bom na arte de surpreender o público.
E é exatamente esse clima de suspense que A Mulher na Janela tenta recriar. Porém, a intensidade que esperávamos, infelizmente, não chegou. De início, os espectadores são apresentados a Anna Fox (personagem de Amy Adams), que possui sérias fobias sociais. Dessa maneira, ela se mantém confinada em uma grande e desarrumada casa em Nova York — até mesmo abrir a porta da frente pode ser uma tortura para ela.
Anna ainda se relaciona, de alguma forma, com seu ex-marido. O filme não explica muito sobre essa história pregressa da personagem, mas há alguns detalhes que vão surgindo conforme a narrativa avança. Por estar reclusa, ela se entretém muito com o passar da vida pela janela. Tudo se torna ainda mais cativante quando novos vizinhos chegam ao bairro.
Interpretado pelo oscarizado Gary Oldman, Alistair Russell se torna uma grande suspeita para Anne. E isso logo é aparentemente confirmado por ela com a presença de Ethan (Fred Hechinger), o filho dele, e Jane Russell (Julianne Moore), sua esposa.
Nesse sentido, a personagem desenvolve uma certa obsessão pela família, tentando espiá-los com mais precisão ao utilizar uma câmera com lentes escalafobéticas pela janela. Aos poucos, tudo que parecia verídico se mostra como um delírio. Não há mais como confiar no olhar de Anne — ou ainda podem existir certas esperanças.
O tempo de projeção vai passando e a impressão que fica é que o filme quer surpreender os espectadores — assim como Hitchcock — a qualquer momento, embora isso não se concretize com eficiência. Joe Wright tem uma grande presença enquanto diretor e tenta ambientar os personagens os filmando de uma maneira direta.
O ritmo dado por ele faz com que a criação de uma certa angústia latente seja criada. Há uma fluência de tom muito bem administrada com a trilha sonora e a montagem, que são, inegavelmente, dois pontos fortes da produção. E para assumir com verdade que Hitchcock está presente, o cineasta brinca com certas referências estilísticas do famigerado diretor.
Mesmo com essas qualidades, parece que A Mulher na Janela não consegue sair do campo do exercício fílmico. A todo instante, quando parece que as coisas vão engrenar, nada é capaz de sair do lugar. Desse modo, os momentos que deveriam ser pontos altos se quebram pela falta de expectativa.
De qualquer maneira, as atuações são muito impressionantes. O filme da Netflix conta com um elenco de peso, que além de Amy Adams, Gary Oldman e Julianne Moore, ainda tem a presença de Jennifer Jason Leigh, Wyatt Russell, Brian Tyree Henry e Anthony Mackie.
Apesar de ser preenchido com reviravoltas em excesso, a produção tem grandes qualidades que justificam sua abordagem insólita. Portanto, A Mulher na Janela merece ser visto, mesmo que seja para simplesmente passar o tempo.
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