Para a alegria dos fãs da série de RPGs e combates táticos, a desenvolvedora inXile Entertainment e a produtora Deep Silver lançaram, no fim de agosto de 2020, o aguardado terceiro capítulo da clássica série Wasteland! Como falamos em nossa prévia, Wasteland 3 tem bastante potencial para agradar aos fãs de lutas por turnos, mas também apresenta problemas.
O jogo tem versões para PC, Xbox One e PlayStation 4, sendo esta última a plataforma utilizada em nosso teste, com uma chave de análise gentilmente cedida pela produtora. Em todas as plataformas, ele brilha no desenvolvimento de personagens e nas batalhas repletas de variáveis, tão densas que podem até espantar os novatos por sua complexidade. Entenda melhor isso tudo na nossa análise completa a seguir!
Entrando numa fria
A primeira coisa que você faz logo que inicia a sua campanha é escolher como será o par de personagens principais que você controlará, podendo moldar à vontade a sua história pregressa, visual e atributos, mas é questão de minutos até que eles ganhem alguns companheiros de esquadrão, cada um deles com as suas próprias forças e fraquezas.
Como seu time precisa do dinheiro e recursos do Patriarca, os protagonistas aceitam o pedido do líder e precisam encontrar Valor, Victor e Liberty, os três filhos do Patriarca que se rebelaram contra o seu pai. Se o pai já era meio maluco, sua prole é tão ou mais perigosa tanto nos ideias como nas ideias que carregam, e é um prazer aprender mais sobre eles graças ao bom enredo do jogo.
Aliás, é melhor você jogar preparado para ler bastante, já que há uma quantidade obscena de textos e personagens para interagir enquanto aprendemos mais sobre o lore e contexto geopolítico da trama. E seu cursinho de inglês também precisa estar em dia, já que o jogo não foi localizado para português, e uma boa compreensão da narrativa é desejável para curtir Wasteland 3 ao máximo.
RPG e combates densos
Há muita coisa para fazer enquanto exploramos o mundinho do jogo, então prepare-se para encontrar desde situações mais dramáticas até momentos de pura comédia, já que o texto atira para todos os lados, normalmente com sucesso. Vale a pena gastar tempo conhecendo melhor os personagens e entreouvindo as suas conversas, já que elas costumam trazer revelações inusitadas e surpreendentes.
As rotas alternativas vão além dos diálogos, e envolvem também o gerenciamento de seu time. Como de praxe nos jogos de estratégia, é possível moldar as habilidades do esquadrão de acordo com suas necessidades, focando alguns personagens em poderes de cura ou até mesmo em perícia para arrombar cadeados, por exemplo. O diferencial aqui é que você também pode fazer melhorias coletivas que afetam o grupo inteiro.
O sistema de combate deve ser bastante familiar para qualquer um que já jogou Xcom e similares, já que as lutas são todas realizadas por turnos em um grande tabuleiro no qual os personagens precisam gastar pontos de ação para se mover e executar ordens. Andar gasta pontos, executar ações de suporte gasta pontos e, obviamente, atacar os rivais também consome pontos, então é preciso fazer cálculos e microgerenciar o tabuleiro sem parar.
Ame ou odeie esse estilo de jogo, as suas ações tem uma determinada porcentagem de chance de dar certo ou errado, então volta e meia você pode ser vítima de aparentes injustiças ao ser traído pelos números, errando um tiro que tinha 90% de chance de sucesso. A melhor ideia, então, é gerenciar bem os seus pontos de ação para se mover até as coberturas mais próximas, apostando no máximo de segurança possível.
Faltou polimento
Não espere encontrar bons gráficos e otimização em Wasteland 3, já que na maior parte do tempo o jogo parece estar fazendo muitos sacrifícios para rodar de forma minimamente estável. E olha que ele nem passa tanto tempo assim rodando com estabilidade! Texturas carregam pela metade com frequência, há bugs e travamentos ocasionais, e a impressão que fica é de que o jogo precisa urgente de patches com melhorias de performance.
O pior é que, mesmo quando elas chegarem, Wasteland 3 continuará sendo um jogo com gráficos bem abaixo da média, ostentando modelos de personagens genéricos que mais parecem saídos de um jogo de computador de orçamento moderado lançado no começo da década passada. Por outro lado, os fãs de longa data provavelmente não vão se incomodar com nada isso de forma alguma, já que esses elementos não atrapalham a boa narrativa e combates do jogo, e a série nunca foi conhecida por ser tecnicamente brilhante em desempenho.
Nota: 72
“Wasteland 3 conta com combates táticos por turnos bem divertidos, mas irrita por seus bugs e má otimização”