O atacante Neymar, o youtuber Felipe Neto e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão entre as figuras públicas brasileiras que já não possuem o selo de verificação no Twitter, após a rede social retomar nesta quinta-feira (20) o processo de remoção dos distintivos daqueles que não assinam serviços da empresa.
O Twitter retirou o selo de verificado de diversos perfis que não pagaram pelo: “Twitter Blue”. Mesmo com relevância e fama, as páginas não terão a verificação na rede social. Muitas celebridades se recusaram a pagar pelo selo, entre elas, Justin Bieber, Adele, Beyoncé e várias outras.
As remoções começaram em 1º de abril, conforme anunciado pela plataforma
e pelo dono da companhia, Elon Musk. Na ocasião, entretanto, poucos
usuários foram afetados, sendo o de maior destaque o jornal americano
The New York Times, que perdeu o ícone em sua conta principal depois de
divulgar que não pagaria pelo recurso.
Na sequência, Musk empurrou o ultimato para este dia 20, sem dar explicações.
Ao menos 2.064 personalidades já tinham perdido o status até as 18h de hoje, segundo levantamento do DeltaFolha a partir da base de perfis utilizada na criação e atualização do GPS Ideológico.
Isso representa 73% em um total de 2.832 influenciadores analisados
até esta publicação, cujas páginas eram verificadas anteriormente. A
amostra contém perfis com pelo menos 160 mil seguidores cada um,
principalmente do Brasil, mas também de outros países.
Seguido por 16,2 milhões de usuários, Neto é um dos influenciadores brasileiros avessos à novidade. "Oficialmente não mais verificado na plataforma. E assim ficarei", publicou nesta quinta.
No fim de março, o youtuber já havia anunciado a decisão de não
pagar pelo serviço, mesmo que isso custasse a popularidade de sua conta.
"Último dia de selo azul será amanhã. Depois disso, meu Twitter perderá
consideravelmente o alcance, graças às novas diretrizes da plataforma.
Boa sorte aos que compram selinho de verificado. Não farei parte por
ora", escreveu no dia 30.
O astro da música Justin Bieber
e o jogador brasileiro Neymar, com 113 milhões e 62 milhões de
seguidores, respectivamente, também não possuem mais o símbolo em seus
perfis.
Outro exemplo é o ex-presidente Jair Bolsonaro, seguido por 11,3 milhões de usuários, cuja estratégia digital sempre foi fortemente amparada na plataforma.
Quem quiser o distintivo deverá assinar o Twitter Blue. No Brasil, o serviço premium custa a partir de R$ 42 por mês, ou de R$ 440 no plano anual.
Para empresas, a taxa mensal é de US$ 1.000 (o equivalente a R$
5.233). Funcionários e colaboradores também podem ganhar o distintivo,
desde que as organizações arquem com um custo adicional de
aproximadamente R$ 261 mensais para cada afiliado.
Segundo a plataforma, contas de entidades governamentais, assim como de personalidades ligadas a essas instituições, estão isentas da cobrança.
Perfis oficiais de políticos brasileiros, entretanto, também entraram na
leva de remoções, entre eles o do governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas, e o do senador Flávio Bolsonaro (PL). O presidente Lula (PT), por sua vez, manteve o selo cinza que indica o cargo governamental.
A cantora Anitta e o humorista Whinderson Nunes são exemplos de personalidades que mantiveram o selo azul por serem assinantes do serviço premium. Pelo menos é o que indica a empresa, em descrição disponível no topo dos perfis: "Esta conta foi verificada porque se inscreveu no Twitter Blue e teve o número de telefone checado".
É o mesmo caso do escritor norte-americano Stephen King. Ele, no
entanto, se manifestou na própria rede para afirmar que não assinou o
serviço nem informou o telefone para a verificação.
Até o início da gestão Musk, os ícones eram distribuídos
gratuitamente com o objetivo de autenticar os perfis de figuras notórias
e de relevância pública, como políticos, artistas, atletas,
comunicadores e acadêmicos, bem como de empresas, governos e
organizações.
A mudança gerou diversos memes e críticas na própria plataforma.
Musk alega que os selos antigos foram concedidos de forma "corrupta e
sem sentido". Ele também disse que há um sistema de "senhores e
camponeses" e que a cobrança criará um ambiente mais democrático.
"É sobre tratar todos de maneira igual. Não deveria haver um padrão diferente para celebridades", tuitou no dia 27 de março.
As novas regras são uma estratégia do magnata para tentar aumentar as fontes de receita da empresa. Desde que assumiu o comando da companhia, em 2022, Musk afirma que o Twitter passa por problemas financeiros e precisa de uma restruturação em seu modelo de negócios.
A iniciativa, porém, é impopular e enfrenta resistência de parte do público, que critica principalmente os preços dos serviços e a possibilidade de aumento das contas falsas na rede. Em fevereiro, o lançamento inicial do Twitter Blue levou a um surto de usuários verificados se passando por celebridades e empresas na rede social.
As falsificações levaram até a quedas nos valores das ações de algumas
empresas. Uma farmacêutica dos Estados Unidos, por exemplo, sofreu uma
desvalorização de 4% após um perfil falso com o selo azul pago anunciar a
distribuição gratuita de insulina. Algumas grandes marcas
multinacionais chegaram a retirar os anúncios da plataforma.
Depois da confusão, Musk suspendeu o serviço. "Adiamos o relançamento do Twitter Blue para garantir que seja sólido como um a rocha", tuitou o bilionário na época.
Dois ex-funcionários do Twitter relataram ao Washington Post que o processo de remoção dos selos é em grande parte manual, realizado a partir de um sistema "propenso a quebrar" que se assemelha a uma "planilha de Excel". Segundo os ex-funcionários, a remoção massiva poderia desestabilizar funcionalidades da rede social, como a recomendação de publicações e os filtros de spam.
Além do selo de verificação (sujeito a aprovação), os assinantes do
Twitter Blue ganham outros privilégios, como a possibilidade de editar
mensagens já publicadas, postar artigos longos (4.000 caracteres) e
vídeos em alta resolução (1080p) ou com maior duração (60 minutos). A
empresa ainda anunciou que usuários premium receberão 50% menos anúncios
na timeline.
Na terça-feira (28), Musk afirmou que, em breve, apenas os assinantes
do Twitter Blue terão postagens recomendadas ativamente a outros
usuários na aba "Para Você" e serão os únicos aptos a participar de
enquetes.
O empresário argumenta que esses privilégios garantidos pela verificação paga seriam "a única maneira realista de lidar com o enxame de bots de inteligência artificial que estão tomando conta da rede".
Seguindo o movimento de Musk, a Meta também começou a oferecer o serviço de autenticação pago para usuários do Instagram e do Facebook. O pacote, entretanto, só está disponível nos EUA, Austrália e Nova Zelândia e não tem previsão de lançamento no Brasil.
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