A ideia não era essa. Sinônimo de conteúdo erótico em 2022, o OnlyFans não surgiu com esse objetivo. A empresa foi fundada em 2016 pelo empresário britânico Tim Stokely com um propósito mais amplo: ser uma plataforma para que artistas e prestadores de serviços em geral pudessem compartilhar conteúdo mediante o pagamento de uma assinatura.
Mais do que isso. No ano passado, o OnlyFans chegou até a anunciar que ia banir a pornografia da plataforma. Durou (muito) pouco. No dia 25 de agosto, seis dias após o primeiro comunicado, a plataforma afirmou que estava revogando a mudança em suas políticas.
A escolha do
OnlyFans até então era entre a demanda do público, que transformou o
site em algo voltado ao conteúdo erótico à revelia da própria
plataforma, e as pressões do setor financeiro — os "bancos", disse
Stokely em uma entrevista, pressionavam a empresa. Concluiu-se que mudar
em busca dos investidores abrindo mão da sua mina de ouro seria um tiro
no pé.
Maria Fernanda - Fe Galvão |
Fato é que o OnlyFans transformou a indústria pornográfica no Brasil. Atrizes, fotógrafos e editores migram um a um para a produção de conteúdo para a plataforma.
De um lado, a sensação de
independência, de autonomia e poder sobre decidir o que se quer mostrar e
quanto se quer cobrar. De outro, relatos de golpes sofridos e
preocupações com segurança sanitária e jurídica das gravações se
acumulam.
Ao todo, entre recursos obtidos e intermediados pela
empresa, o OnlyFans estima movimentar mais de R$ 30 bilhões por ano no
mundo.
Uma nova pornografia
A comercialização direta de fotos e vídeos íntimos afetou a indústria cinematográfica pornô, a distribuição econômica, rendeu revisões jurídicas e mudou o comportamento de pessoas que antes costumavam comprar revistas ou recorriam à pirataria.
"Dá para tirar mais de R$ 50 mil por mês com um foco legal, colocando a sua cara, o seu trabalho. Não pode ter medo, nem ficar em cima do muro. Também dá para tirar R$ 5 mil por mês e conseguir se virar, mas é preciso ralar", disse a atriz Deny Barbie, que vende fotos e conteúdos desde o ano passado.
Com o passar dos anos, o espaço se tornou prioridade para quem vende conteúdo sensual e pornográfico por permitir a distribuição, o que lhe rendeu o pioneirismo na área e inspirou iniciativas semelhantes. O Privacy, site brasileiro do mesmo segmento, foi fundado em 2020.
Quem comanda a empresa atualmente é a diretora-executiva indiana Amrapali Gan, da empresa de tecnologia Fenix
O OnlyFans conta com mais de 200 funcionários e 150 milhões de usuários registrados. Segundo a empresa, o valor de R$ 30 bilhões é distribuído entre mais de 1,5 milhão de pessoas que cadastram fotos e vídeos na plataforma no período de um ano. Ao menos 300 pessoas receberam sozinhas mais de US$ 1 milhão (R$ 5,16 milhões) em um ano.
Os contratos da
plataforma são regidos pela lei inglesa. Ela será aplicada em qualquer
caso de reclamação que surja ou esteja relacionada ao acordo firmado
entre a empresa e os produtores de conteúdo.
Os assinantes também poderão recorrer às regras obrigatórias da lei do país onde moram caso encontrem problemas - caso não recebam um conteúdo já comprado, por exemplo.
Como o OnlyFans ganha dinheiro?
As criadoras de conteúdo podem definir o preço das assinaturas de seus perfis. O OnlyFans sugere valores entre US$ 5 (R$ 25,82) e US$ 50 (R$ 258,20). A plataforma, que retém 20% do montante de vendas, faz uma estimativa de lucros mensais conforme o número de seguidores que as modelos acumulam nas redes sociais.
As projeções apresentadas pela plataforma afirmam que uma modelo com mais de 1 milhão de seguidores pode faturar entre US$ 500 (R$ 2.582) e US$ 2,4 milhões (R$ 12,39 milhões) por mês, caso venda as assinaturas por US$ 50 (R$ 258,20).
O cálculo não considera as gorjetas que podem ser pagas pelos assinantes em forma de agradecimento pelo conteúdo. A plataforma também permite que os "fãs" façam pedidos personalizados para criadores de conteúdo com valores negociados diretamente entre as partes.
Ex BBB Natalia Cassola |
No ano passado, a revista
estadunidense Time elegeu o OnlyFans como uma das 100 empresas mais
influentes no mundo. Conforme a lista, o faturamento aumentou 553% em
doze meses, passando dos R$ 390 milhões. O lucro foi de R$ 70 milhões.
Também
empresária, a modelo Deny Barbie mantinha um salão de beleza e só
passou a vender conteúdos por conta dos problemas financeiros causados
pela pandemia da covid-19.
"Antes de iniciar, eu não tinha noção de como as plataformas dão dinheiro. Sempre vi as meninas que trabalhavam com isso viajando. Elas diziam para largar tudo e acompanhar, pois faziam tudo o que tinham vontade e levavam a vida só com as plataformas", contou Deny Barbie, que afirma estar vivendo o "auge" de sua produção de conteúdo.
Além de artistas, mulheres pouco conhecidas também estão se aventurando com a venda de fotos e vídeos eróticos. Angela Jones, professora adjunta de sociologia da Universidade Estadual de Nova York, comentou sobre o assunto em conversa com o jornal New York Times.
"Muitas mulheres estão migrando para o OnlyFans por puro desespero. Elas têm a preocupação de comprar comida, manter as contas de luz pagas, e ainda temem ser despejadas", diz sobre o crescimento do mercado.
Paula
Aguiar, publicitária, empresária e uma das responsáveis pelo portal
Mercado Erótico, afirma que este movimento se tornará cada vez mais
comum no Brasil.
"Pessoas comuns vão entender que podem ganhar dinheiro. [...] As celebridades também nascerão dentro das plataformas. A gente vai passar a conhecer pessoas que nasceram neste contexto. Existem os tiktokers, e existirão os 'Onlyfanners'".
'Boom' financeiro
Quem analisa o mercado financeiro também identificou que o OnlyFans teve um crescimento impressionante em 2020, quando a pandemia global de coronavírus levou o público em todo o mundo a mudar o comportamento online. A empresa teve uma receita líquida de quase US$ 380 milhões (R$ 1,96 bilhão), segundo cálculo de analistas do Statista, uma empresa alemã especializada em dados de mercado e consumidores.
As receitas da
empresa aumentaram em mais de 200%, atingindo US$ 1,2 bilhão (R$ 6,2
bilhões) no final de 2021. A estimativa dos analistas de mercado é que a
receita alcance US$ 2,5 bilhões no final de 2022, o que representa
quase R$ 13 bilhões.
Estima-se, conforme a análise, que a plataforma já tenha distribuído US$ 3,2 bilhões (R$ 16,55 bilhões) para pessoas que postam seu conteúdo na plataforma.
Sites atraem investidores?
Com
um crescimento exponencial de receitas e bilhões passando pelo caixa, o
OnlyFans seria um destino certo para investidores de venture capital —
modalidade de investimento focada em empresas que possuem alto potencial
de crescimento, mas ainda são novas. Mas não é o que está acontecendo.
Alguns dos principais fundos de venture capital do mundo têm cláusulas que impedem a injeção de dinheiro em empresas que exploram conteúdo adulto. No ano passado, segundo reportou o Axios, o OnlyFans contratou o Raine Group, um banco de investimentos global, para captar investidores institucionais, mas não houve anúncios de novos parceiros para o negócio.
Quem são as protagonistas do OnlyFans
As modelos escolhem o que vão produzir para as plataformas. Laysa Padovani, atual vice-campeã do concurso Miss Bumbum representando Mato Grosso, contrata uma equipe para o trabalho.
"Quem direciona como será o ensaio sou eu. Geralmente estou com um fotógrafo e um videomaker", afirmou ao contar sobre a rotina.
Elisa Sanches, 40, atriz pornô desde 2015, trabalha com um esquema de permuta: grava cenas para os produtores de filme pornô em troca da utilização do espaço e da ajuda dos profissionais para qualificar as fotos e vídeos negociados no OnlyFans.
Atletas, modelos, e atrizes também estão presentes na plataforma para divulgar diferentes conteúdos. A cantora Anitta, por exemplo, não compartilha pornografia em seu perfil no site, apesar de ter causado impacto em 2021 com o vídeo em que aparece fazendo uma tatuagem no ânus.
O
fotógrafo Ernesto Eilers trabalha com modelos que vendem conteúdos
adultos. Cobrando cerca de R$ 590 por sessão, ele afirma que o mercado
traz possibilidades para quem trabalha no mercado audiovisual.
"Há muitas mulheres produzindo somente com o próprio celular. O pessoal gosta do material caseiro, dá uma sensação de intimidade. Mas trabalhos profissionais, bem produzidos e com qualidade, também são importantes. Melhorou para o fotógrafo neste aspecto".
Segurança
Por ser de total responsabilidade das modelos que posam para os conteúdos, raramente os ensaios são realizados em estúdios especializados ou dirigidos por produtores com experiência.
"O Brasil não é profissional quando se fala de OnlyFans. São poucas as iniciativas que trazem dados e informações sobre quem está ligado ao mercado. Ainda não há um mercado de conteúdo adulto neste sentido. Existem pessoas trabalhando, mas sem estúdios especializados", afirma Paula Aguiar, do Mercado Erótico.
Clara Aguiar posou para um ensaio sensual explícito com a atriz pornô Vitória Schwarzelühr, mais conhecida como Dread Hot |
Um ensaio fotográfico de uma modelo que divulga conteúdos na plataforma foi acompanhado. O trabalho seguiu a tendência apontada por Paula Aguiar: boa vontade e excelentes ideias em um ambiente "informal".
A sanitização do estúdio e os cuidados com a estrutura básica (limpeza do local ou água para consumo) não estão entre as principais preocupações. A modelo se concentra em cuidar de detalhes do figurino, dirigir o ensaio e dividir ideias com o fotógrafo.
"A ausência de um produtor traz insegurança, pois as pessoas estão fazendo sexo sem exames, ou quando feitos, são em postos de saúde gratuitos. A maioria realmente não entende que usar exames de um mês atrás não faz sentido", diz Clayton Nunes, diretor-executivo da produtora de filmes pornôs Brasileirinhas.
Ele afirma que, além do OnlyFans, um dos grandes problemas é a produção de filmes pornôs de forma amadora. Segundo ele, atrizes alimentam canais em sites que propagam a pirataria e produzem as cenas sem critérios de segurança.
"Estou no pornô desde 1999 e só ouvi falar de brasileiro com HIV positivo em 2004, quando uma atriz se infectou nos EUA. Nunca acontecia no Brasil, mas só no ano passado apareceram três atrizes soropositivas".
Os casos, que preocuparam a indústria pornô, foram
divulgados pelo colunista de Splash Ricardo Feltrin na Folha de S.
Paulo em fevereiro deste ano. Segundo a publicação, o mercado chegou a
considerar o uso de preservativos nas cenas para não expor os atores.
O OnlyFans não se posicionou sobre a exigência de sanitização ou recomendações de boas práticas aos seus produtores de conteúdo.
Pirataria e golpes
Segundo Antonio Carlos Marques Fernandes, advogado, palestrante e presidente da Comissão de Estudos de Publicidade e Serviços Jurídicos na Internet da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio de Janeiro, a pirataria não acabou após a criação dos perfis nas plataformas de conteúdo adulto.
"Existem pessoas que pagam a assinatura para roubarem as fotos e vídeos. Isso virou uma indústria. Estes 'cavalos de troia' pegam coisas de 10, 20 meninas e criam páginas próprias. Até as plataformas identificarem, esta pessoa já ganhou muito dinheiro", contou.
O problema se expande do ponto de vista jurídico. Por conta das dificuldades para identificar os usuários, as "donas" dos conteúdos encontram dificuldades para entrarem com processos na Justiça.
Figuras famosas do OnlyFans, como a ex-BBB Francine Piaia, já reclamaram de vazamentos dos conteúdos em outras redes sociais, mas não deixaram de produzir para as plataformas.
"Fiquei relutante com a ideia no início, nunca me considerei um símbolo sexual, mas agora estou adorando fazer", disse à revista Clube da Vip em dezembro de 2021.
Modelos que procuram ajuda para entrar neste mercado também enfrentam problemas. Deny Barbie diz que sofreu um golpe do ex-assessor, que a ajudou na abertura de uma conta bancária no exterior, quando começou a vender conteúdos em diferentes plataformas. "Perdi praticamente um ano de trabalho e precisei começar do zero", contou.
Ele levou
mais de R$ 200 mil. Eu via meu nome lá no alto, mas o que eu ganhava não
era equivalente. Descobri o que estava acontecendo pelos meus próprios
assinantes.
Deny Barbie
O OnlyFans não tem representação no Brasil. Em contato com a reportagem, a plataforma comentou oficialmente sobre os questionamentos em relação às dificuldades apontadas pelos criadores de conteúdo.
"Estamos sempre explorando opções de pagamento seguras para criadores e fãs em mercados emergentes. No Brasil, integramos recentemente o PIX como uma opção de pagamento adicional para fãs no Brasil dentro da plataforma", informa.
A
empresa também manifestou sobre iniciativas para inibir a presença de
usuários que compartilham conteúdos divulgados no site em outras
plataformas.
"Além de verificar regularmente para identificar sites, serviços de hospedagem e registradores de domínio que hospedam conteúdo pirateado dos criadores, o OnlyFans também fornece um serviço de 'marca d'água' digital gratuito para todos os seus criadores para ajudar a evitar que o conteúdo original seja copiado ou usado sem permissão com um serviço complementar de remoção de DMCA (Lei dos Direitos Autorais do Milênio Digital) para nossa comunidade".
O que diz a lei?
O advogado Antonio Carlos Marques Fernandes analisa o maior problema envolvendo o OnlyFans no Brasil: os fatores tributários.
"A plataforma é vinculada a uma empresa de pagamentos online. Elas recebem em uma conta virtual fora do Brasil para não terem problemas com a Receita Federal. Você passa a ter gente com renda milionária. O dinheiro não é 'nacionalizado' por ser manipulado de maneira virtual via cartões de débito".
O advogado esclarece que a operação do site não comete crimes no país. A venda de conteúdo pornográfico, que não é ilegal, é apenas facilitada pela operação da plataforma. A intermediação não tem relação com rufianismo ou cafetinagem, infração cometida por quem busca obter vantagem econômica de quem pratica a prostituição.
"O que existe é a dificuldade de nacionalizar este dinheiro. Em alguns casos, quando quem fez o conteúdo tenta receber, o dinheiro fica parado porque precisa declarar a origem e pagar os impostos. Os problemas não vêm das plataformas, mas sim dos mecanismos", detalha Antonio Carlos.
"A sociedade sobe de elevador enquanto a legislação sobe de escada. [...] Não acredito que a gente tenha uma regulamentação sobre isso tão cedo", disse ao lembrar a criação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que precisou de anos para entrar em vigor e ainda passa por ajustes.
E as questões trabalhistas? Atrapalham as mulheres que estão vendendo conteúdos na plataforma? O advogado acredita que não.
"Muita gente posou para as revistas sem ter vínculo trabalhista. [...] Essas meninas são o ponto principal de uma organização empresarial. O maior problema seria do ponto de vista da previdência social, porque são autônomas que não recolhem nenhuma previdência."
O próprio site informa que os conteúdos distribuídos são indicados para maiores de 18 anos. As diretrizes detalhadas pelo OnlyFans, apresentadas aos criadores de conteúdo, também garantem o uso de imagem.
Impacto no mercado pornográfico
As revistas e o cinema pornô, tradicionais "intermediários" do conteúdo pornográfico, passaram por adaptações após o crescimento das plataformas. Clayton Nunes, da Brasileirinhas, afirma que o maior impacto não é financeiro.
"Elas vinham diretamente para a produtora procurando serem atrizes pornôs. Hoje elas buscam apenas a fama, conquistarem muitos seguidores, ficarem conhecidas para aí, sim, entrar no OnlyFans para ter êxito".
Elisa Sanches, candidata a
deputada federal no Rio de Janeiro pelo partido Patriota nas eleições
deste ano, afirma que a chegada das plataformas não acabará com o
mercado pornô, mas o obriga a se modernizar diante do contexto. Antes,
apenas as revistas e produtoras eram responsáveis pelas equipes que
produziam os conteúdos adultos consumidos pelo público.
"São mercados complementares. Os filmes pornôs abrem portas e te ensinam muitas coisas sobre produção, ângulos de filmagem, disciplina e cuidados com a saúde. Eles fazem você se tornar conhecida para poder negociar conteúdos por bons valores", afirmou.
A mudança no mercado também é acompanhada de perto por Antonela Avellaneda. A modelo argentina, que participou do "BBB" em 2004, posou para a revista Playboy logo após deixar o reality.
"Os ensaios antigamente tinham uma característica mais artística. Hoje o que mais se vende é caseiro, não tem comparação com o que a revista Playboy produzia, por exemplo. É outro público, e a gente vai se adaptando", opinou.
Antonela vende conteúdos no site Diamonds Brazil, intitulado por sua fundadora, Viviane Bordin, como uma revista eletrônica. A plataforma oferece álbuns de diferentes modelos, e o assinante paga conforme navega entre os conteúdos.
"As revistas pagavam melhor porque as pessoas eram escolhidas para sair na publicação. Hoje em dia qualquer pessoa pode vender nudes, então a concorrência é muito maior. Antigamente faziam uma noite de autógrafos, a história por trás da revista era mais bonita", concluiu a ex-BBB.
A jornalista Mariana Dâmaso Côrrea defende que a revista Playboy foi além da pornografia em pesquisa apresentada para a UniCeub (Centro Universitário de Brasília) em 2014.
As publicações mantinham a preocupação com conteúdos jornalísticos qualificados, trazendo crônicas, entrevistas, reportagens e guias sobre o universo masculino.
"A Playboy fez uso de jornalismo, como o fazem também a 'Época', a 'Veja', a 'IstoÉ'. A forma jornalística de apurar, de fazer a informação, é a mesma: informar os leitores sobre assuntos atuais, pertinentes ao dia a dia, fazer entrevistas com pessoas conhecidas e importantes, divulgar artigos e notícias escritas por jornalistas".
Antonela Avellaneda vende conteúdos no site Diamonds Brazil |
"Mesmo sendo uma revista de entretenimento, contém conteúdos jornalísticos. Uma coisa não exclui a outra", conclui a tese.
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