Produzir conteúdo para a internet sobre inclusão, além de vídeos de dança e maquiagem, conquistar milhões de seguidores nas redes sociais, e conseguir fazer seu conteúdo se tornar uma fonte de renda, essa é uma parte da história de Isabella Savaget, ou “Bella”, como é conhecida na internet. Com paralisia cerebral, Bella enfrentou uma série de obstáculos para hoje, ajudar pessoas falando sobre representatividade, capacitismo, e superação na internet.
Isabella Savaget tem paralisia cerebral e faz sucesso no TikTok Foto: Arquivo Pessoal |
Isabella Savaget tem 21 anos, mora em Ipanema, no Rio de Janeiro, e além do seu trabalho na internet, também é estudante de Publicidade e Propaganda. Ao nascer, Bella sofreu falta de oxigenação no cérebro, após alguns segundos sem respirar, que ocasionou a paralisia cerebral. A parte motora foi afetada e um pouco da fala, mas sua capacidade intelectual se manteve intacta.
Na
fisioterapia, Bella era a única criança que não tinha o cognitivo
afetado. Dessa forma, o diálogo que tinha com os profissionais foi
importante para entender desde pequena a sua deficiência, e o que
poderia fazer para melhorar. “Muita gente me pergunta se eu gostaria de
ter nascido sem deficiência, como se isso fosse uma escolha, eu não
penso duas vezes, a resposta é não, eu nem quero saber como seria a
Bella sem uma deficiência, porque com certeza seria diferente do que eu
sou hoje”, diz.
@bellasavaget É a nossa suíte! 🔥 #chango ♬ som original - Bella Savaget
Saber dançar
A dança foi uma das principais atividades que ajudou Bella no seu desenvolvimento, não é à toa que é um dos conteúdos que mais faz sucesso em suas redes sociais. “Aprendi a andar dançando, primeiro eu dancei e depois eu andei. A minha fisioterapia era à base de funk, era só tocar o funk que eu conseguia ficar em pé, colocar a mão no joelho e ir até o chão”, explica. A influenciadora digital conta que sempre amou dançar, e na época de escola, queria participar das danças de festa junina, mas as coreografias não eram planejadas de forma que acolhesse as suas dificuldades motoras. Entretanto, isso não impediu sua participação, ela mesmo adaptou sua coreografia.
Na
adolescência começou a lidar com outros problemas. Foi nessa época que
desenvolveu anorexia nervosa e depressão, aos 15 anos. De acordo com
Bella, o transtorno veio para “esconder” sua deficiência, porque nunca
conseguiu se encaixar em nenhum grupo devido a sua deficiência, que é
algo que estava acima de suas possibilidades. Já com o seu corpo seria
diferente, poderia controlar o que comia e o que não comia. Ficou em um
estado muito delicado, chegando a pesar 30 quilos. Desse modo, teve de
interromper as atividades que fazia para melhorar seu desenvolvimento
motor, já que acabou perdendo muita massa muscular, e não tinha mais
forças para continuar sua rotina.
Disposta a
vencer a anorexia, Bella percebeu que precisava de uma motivação para
superar o problema e conquistar seu objetivo, como um cachorro. Decidiu
conversar com seus pais sobre a necessidade de ter um incentivo, e assim
se comprometeu a recuperar peso. Demorou alguns meses para isso
acontecer, mas com a chegada de Belinha, sua nova companheira de quatro
patas, teve mais ânimo para se alimentar, pois precisava estar bem para
cuidar dela. Por isso, pensou em compartilhar sua história com a
internet, ser a “Belinha” na vida de alguém, já que a cachorrinha
transformou sua vida, também poderia transformar a vida de outras
pessoas: “Eu percebi que o amor salva, o amor da Belinha me salvou da
depressão, e da anorexia”.
@bellasavaget TikTok ela faz! 📸 #chango ♬ som original - Bella Savaget
Atualmente, Isabella acumula 943 mil seguidores no TikTok,
e 211 mil no Instagram, onde produz conteúdo sobre inclusão,
representatividade e capacitismo com o quadro Bella Descomplica. Claro
que a dança não poderia ficar de fora, o seu primeiro vídeo dançando
funk no Instagram chegou a bater 22 milhões de visualizações. Também
produz vídeos de maquiagem artística, e para o dia a dia. Por meio de
seu conteúdo, seu objetivo é motivar as pessoas, não por sua
deficiência, mas por sua história de vida, e lutar pelos direitos dos
PCDs. Mostrar a sua realidade, expor seus problemas, e de certa forma
levar mais conhecimento para os seus seguidores, tentando tornar o mundo
um pouco mais inclusivo. “Somente assim a gente vai poder combater o
capacitismo, ouvindo as pessoas com deficiência, dando voz e espaço”,
finaliza.
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