Peça de teatro da Cia. Os Melhores do Mundo vai virar filme - e despertou a nostalgia em muita gente
Ricardo Pipo interagindo com o público: impossível não rir junto |
Prestes a ganhar um filme, a peça da Cia. de comédia Os Melhores do Mundo voltou a ser assunto nas redes sociais e despertou a nostalgia de muitas pessoas que conheceram a história de Hermanoteu há cerca de 20 anos. Mas por que uma peça de teatro fez tanto sucesso entre o público da internet? Um dos primeiros (e maiores) motivos é um texto afiado e, ao mesmo tempo, despretensioso.
“Eu sou Hermanoteu da Pentescopéia. Sou filho de Oolonéia e irmão de Micalatéia!” Quem tinha acesso à internet no começo dos anos 2000 com certeza se lembra dessa frase, uma das mais icônicas de Hermanoteu na Terra de Godah.
Em entrevista ao NerdBunker, Clarisse Goulart, Diretora Executiva de Desenvolvimento de Projetos da Conspiração,
afirmou que essa é uma das características mais interessantes de uma
peça de teatro, especialmente no momento da adaptação para outras
mídias:
“É sempre um bom desafio pegar um texto originalmente escrito para caber num palco de espaço físico limitado, para um público presente querendo uma experiência viva, sensorial, e adaptar esse texto podendo contar com todo o manancial de recursos de som e imagem do audiovisual. O trabalho do roteirista nessa hora é hercúleo, e muitas vezes é preciso se desapegar do texto original pois nem sempre o que está nele será o melhor para o formato audiovisual, nesse processo muita coisa se transforma.”
Em Hermanoteu na Terra de Godah, um hebreu comum da
Pentescopeia recebe o chamado para libertar a terra de Godah. Com esse
pano de fundo, a produção poderia ser complicada de assistir, inclusive
pela linguagem complexa de histórias bíblicas. No entanto, os criadores
acertaram ao brincar com isso e escolheram abrir a apresentação falando
sobre o verbo – e suas difíceis conjugações em português.
Além da abertura, há vários diálogos que caíram no gosto dos fãs, como “O mar abriu no meio, véio!”, “Corinthiano? Tudo tem limite!” e “Ô Hermanoteu, só reclama, reclama, reclama.”
Em um primeiro momento, tais piadas podem até soar um pouco bobas, mas é a simplicidade que as torna tão impactantes. Hermanoteu na Terra de Godah apresenta ao público brasileiro uma história distante, mas que se torna familiar pela forma que é contada.
Para Goulart, que tem experiência em adaptações de peças para o audiovisual, a estreia do filme também tem potencial para encantar novos públicos, que não conheciam o material original:
“O fato do teatro continuar vivo é uma boa notícia para o audiovisual, que pode continuar contando com essa profícua e infinda fonte de dramaturgia e personagens maravilhosos, que eventualmente merecerão expandir para além dos limites físicos de um palco e chegar à uma tela de cinema ou de TV, agradando tanto o público cativo que já conhece desde o palco até a conquista de novos públicos, novas faixas etárias e sociais.”
Teatro ao alcance de todos
Há outros elementos que tornam Hermanoteu na Terra de Godah
uma produção tão querida. A peça foi criada originalmente em 1995, e sua
gravação oficial foi amplamente divulgada na internet brasileira, anos
antes do YouTube entrar em cena (a plataforma foi lançada em 2005).
Para muitos, tal vídeo foi um dos primeiros conteúdos de humor consumidos na internet, inclusive na época do Orkut, que tinha várias comunidades dedicadas aos trechos da peça e personagens. Relembrar Hermanoteu na Terra de Godah em 2022 é quase uma viagem para um período mais simples, quando a internet era bem diferente.
Outro fato curioso é que a história representou o primeiro contato de
muitas pessoas com o teatro. Para quem não tinha fácil acesso às
apresentações (como esta redatora), foi curioso assistir ao vídeo pela
primeira vez e ver os vários improvisos do elenco e a interação do
protagonista Ricardo Pipo com o público. Diferente de
filmes e séries, em que o consumo de conteúdo é mais passivo, o teatro é
um convite para o espectador se sentir parte de algo, elemento sempre
presente nas gravações de Hermanoteu, graças às interações bem-humoradas com o público.
Falando ao NerdBunker, Goulart ressalta que há outros bons exemplos de peças brasileiras que fizeram sucesso em adaptações para o cinema:
“Claro que temos muitos exemplos mundo afora, especialmente se olharmos o mercado norte-americano, mas o audiovisual brasileiro também já teve experiências muito bem sucedidas de adaptações teatrais para o audiovisual, dois grandes exemplos são O Auto da Compadecida e Minha Mãe é uma Peça (…) Atualmente estamos trabalhando em outras duas adaptações do teatro para o cinema [na Conspiração] e consideramos sempre uma fonte muito rica de dramaturgia, boas histórias e personagens.”
Outro sucesso do teatro nacional, Minha Mãe é uma Peça, se tornou um fenômeno ao contar a história de Dona Hermínia (personagem de Paulo Gustavo), uma mãe cheia de personalidade e com muito amor pelos filhos. A peça então foi adaptada para as telonas e os filmes inspirados na história levaram milhares de brasileiros aos cinemas. O terceiro longa se tornou um dos mais assistidos do país, com R$ 175 milhões arrecadados nas bilheterias.
Com o lançamento marcado para 12 de fevereiro Telecine, o filme de Hermanoteu na Terra de Godah
trará de volta piadas conhecidas (já mostradas no trailer) e tem tudo
para apresentar novos elementos, especialmente com a ajuda de cenários,
efeitos visuais, etc. Porém, o maior desejo dos fãs é rever a jornada do
simples Hermanoteu da Pentescopeia, que sempre gerou risos da forma
mais espontânea possível.
Fonte:
Vovo GaTu
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