Lançada ainda em agosto de 2020, a até então moeda-meme shiba inu (SHIB) conquistou o coração de milhares de investidores em todo o mundo recentemente. Desde a estreia, seu preço encarou uma valorização estelar de 91.112.600%, impulsionado pela suposta especulação promovida por grandes personalidades nas redes sociais, como o Diretor Executivo da Tesla, Elon Musk.
A valorização rápida tornou alguns investidores da criptomoeda milionários, além de fazer o ativo virar alvo de golpes. Mas, afinal, o que torna esse “simpático” ativo tão diferente de seus semelhantes?
Trajetória “do cão”
Na prática? Não muito. Sintetizando, seu objetivo inicial era propor uma sátira alternativa ao dogecoin (DOGE), que é uma assumida paródia simples e ilimitada ao já bem-estabelecido bitcoin (BTC). Todavia, a rápida taxa de adoção entre os internautas, reforçado por um forte senso de comunidade (batizada, carinhosamente, de “Exército Shiba”), resultou em um novo objetivo de projeto: uma corretora decentralizada (DeX) abrigada no próprio ecossistema da moeda, a ShibaSwap.
Embora esse recurso pareça um diferencial positivo para a shiba inu, há pouco incentivo para o uso da plataforma, já que existem alternativas mais conceituadas no mercado, como a UniSwap e a PancakeSwap. Agravando o caso, a ShibaSwap também não parece oferecer medidas satisfatórias de segurança para seus usuários, um fator alarmante, que se reflete na pontuação de apenas 35% cedida pela autoridade DeFi Safety — aquém das marcas de 94% e 82% alcançadas por suas respectivas “concorrentes”, citadas acima.
Interface da ShibaSwap, a corretora decentralizada do projeto shiba inu. (Fonte: ShibaSwap/Reprodução) |
Por outro lado, é válido ressaltar que as Finanças ou Corretoras Decentralizadas são mecanismos um tanto excludentes para o usuário comum, que costuma realizar suas transações em corretoras mais tradicionais, como a Binance. Nesse contexto, há mais segurança nos meios de negociação, restringindo os investidores ao risco “padrão” da volatilidade no mercado de criptomoedas.
Assim, desconsiderando o uso da shiba inu como meio de troca para outros ativos, o que resta como “valor intrínseco” para seus investidores?
Fundamentos consolidados — por outros
Assim como nas demais criptomoedas, os valores fundamentais da shiba inu são apresentados aos investidores através de sua documentação oficial — conhecida como whitepaper, no termo popularizado em inglês. Nela, é possível conferir os conceitos-chave que levaram a sua concepção, bem como parte de sua trajetória.
Capa da documentação do projeto de desenvolvimento da SHIB. (Fonte: Shiba Token/Reprodução) |
Sem detalhar um plano de ação, os desenvolvedores do projeto defendem um conceito de revolução comunitária através de seu ecossistema, citando os eventos relacionados à GameStop e à AMC como referências de levante popular contra “os poderes centralizadores”. Contudo, a mesma ideia disruptiva já foi proposta na criação do Bitcoin, ainda em 2009, e desafiada subsequentemente pela rede Ethereum, em 2015.
Logo, não há um fator verdadeiramente novo na proposta oferecida pela criptomoeda-meme, deixando seus “soldados” amparados pela força da entrada de novos investidores e, claro, pela especulação midiática.
Valorização: shiba inu vai chegar em US$ 1?
Considerando os atuais fundamentos econômicos da shiba inu, algo popularizado como “tokenomia” entre os investidores, alcançar a marca dos US$ 1 é efetivamente impossível. O impedimento para o feito está na oferta total da criptomoeda, inicialmente definida em 1 quatrilhão de unidades, que exigiria quase todo o dinheiro em circulação e em formato de derivativos no mundo para equiparar-se em preço com uma unidade do dólar norte-americano.
Apesar das limitações técnicas, a SHIB encara uma alta estrondosa no último ano. (Fonte: TradingView/Reprodução) |
Porém, é importante notar que o caminho até os novos patamares decimais ficou um pouco “mais curto” para a criptomoeda nos últimos meses, graças ao episódio envolvendo um dos criadores da rede Ethereum, Vitalik Buterin. Na ocasião, os desenvolvedores da shiba inu enviaram 50% de todas as moedas disponíveis para a carteira de Vitalik como uma forma de “assegurar a confiabilidade” do projeto.
Inesperadamente, Vitalik doou US$ 1 bilhão em SHIBs para o Fundo de Combate ao covid-19 da Índia, algo equivalente a 5% de sua recém-adquirida “fortuna”. Menos de uma semana depois, o cocriador da Ethereum “destruiu” suas 410,24 trilhões de unidades restantes, resultando em uma “queima” de US$ 6,6 bilhões ou R$ 36,75 bilhões em conversão direta — diminuindo, na prática, a oferta total da shiba inu pela metade.
Mesmo com o inusitado “apoio”, a SHIB ainda tem impressionantes 549,05 trilhões de unidades em circulação, sendo negociada a US$ 0,00004132 por moeda — com um longo “caminho de zeros” pela frente.
Fonte:
DefiSafety, iNews
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