Governo e OMS mudaram a política da Covid-19 com base em dados suspeitos de uma pequena empresa dos EUA.
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| Senador Heinze nega que citou meme de Mia Khalifa na CPI da Covid-19 |
A Surgisphere, cujos funcionários parecem incluir um escritor de ficção científica e um modelo de conteúdo adulto, forneceu um banco de dados por trás dos estudos de hidroxicloroquina do Lancet e do New England Journal of MedicineA Organização Mundial de Saúde e vários governos nacionais mudaram suas políticas e tratamentos Covid-19 com base em dados falhos de uma empresa americana de análise de saúde pouco conhecida, também questionando a integridade de estudos importantes publicados em alguns dos revistas médicas de maior prestígio.
MOTIVO:
A pandemia da Covid-19 está rendendo os mais variados tipos de boatos na internet. Dentre eles, há uma categoria chamada “zoeira levada a sério pelos mais sem noção”. É justamente sobre um fake dessa categoria que vamos falar hoje.De acordo com uma mensagem que circula na internet, uma médica infectologista chamada Marcela Pereira está conduzindo um estudo sobre o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 com sucesso. Junto à mensagem, que fala sobre Globo e Band comprada por chineses e coronavírus criado pela China, há o pedido para que a imagem da suposta doutora seja compartilhada. Leia a mensagem que circula online:
Esta jovem é a Dra. Marcela Pereira, médica infectologista, Ph.D. em Biologia Molecular e Celular, Genética e Virologia pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, um prodígio brasileiro. Ela está conduzindo um estudo em larga escala do uso da Cloroquina no tratamento da Covid-19 com resultados muito animadores, mas a Globo e a Band, compradas pelos comunistas chineses, além de esconder o trabalho dela, tentam sabotar quem que que o divulgue, pois a China criou uma doença para poder vender a vacina depois. Não vamos deixar nossa guerreira brasileira ser calada pelos comunistas. Repassem sem dó!
Dra. Marcela Pereira, médica infectologista, conduz estudo sobre cloroquina e Covid-19?
Por incrível que pareça, muita gente compartilhou a história (esperamos que a grande maioria por zoeira).
Na imagen, aparece a ex-atriz pornô Mia Khalifa, e ela utilizou as redes sociais nesta terça-feira (25) para comentar a citação de uma fake news que a durante a CPI da Covid pelo senador Luiz Carlos Heinze (Progressistas-RS).
Em sua intervenção de hoje, ele fez referência a Surgisphere, empresa que refutou uma publicação da The Lancet favorável ao uso da hidroxicloroquina no combate à Covid-19.
Para desqualificar o estudo, o senador afirmou que a gerente de vendas da empresa era uma atriz pornô e a diretora, uma escritora de ficção científica. Trata-se de uma fake news disseminada por sites de extrema-direita em meados de 2020.
SENADOR BOLSONARISTA CAINDO NO BAIT DA MIA KHALIFA KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK pic.twitter.com/fEEhWwBfFf
— Nanda Xie ☘️ (@nandaxxie) May 25, 2021
A menção a “atriz pornô” fez com que os internautas relacionassem o fato a outra mentira propagada pelo bolsonarismo, na qual uma Dra. Marcela Pereira, médica infectologista, chamada de um “prodígio brasileiro”, conduzia um estudo sobre a utilização da Cloroquina ‘com resultados muito animadores’. Ocorre que a foto da médica era da atriz pornô líbano-estadunidense Mia Khalifa.
“Não sei quem precisa ouvir isso (Brasil), mas não sou médica, então não aceite conselhos médicos de memes falsos meus que você encontrou no WhatsApp … tchau”, respondeu Mia.Ummm I don’t know who needs to hear this (Brazil), but I’m not a doctor, so don’t take medical advise from fake memes of me you found on WhatsApp... tchau♥️
— Mia K. (@miakhalifa) May 26, 2021
Uma investigação do Guardian pode revelar que a empresa norte-americana Surgisphere , cujo punhado de funcionários parece incluir um escritor de ficção científica e um modelo de conteúdo adulto, forneceu dados para vários estudos sobre Covid-19 em coautoria de seu executivo-chefe, mas forneceu até agora não conseguiu explicar adequadamente seus dados ou metodologia.
Na noite de terça-feira, após ser abordado pelo Guardian, o Lancet divulgou uma “expressão de preocupação” sobre o estudo publicado. O New England Journal of Medicine também emitiu um aviso semelhante.
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| Uma pequena empresa norte-americana, a Surgisphere, está por trás de dados falhos que levaram os governos e a organização mundial de saúde a mudar a política de saúde. Fotografia: Anthony Brown / Alamy Stock Photo |
Uma auditoria independente da procedência e validade dos dados foi encomendada pelos autores não afiliados à Surgisphere por causa de “preocupações que foram levantadas sobre a confiabilidade do banco de dados”.
A investigação do Guardian encontrou:
Uma pesquisa de material disponível publicamente sugere que vários funcionários da Surgisphere têm poucos ou nenhum dado ou formação científica. Uma funcionária listada como editora de ciências parece ser autora de ficção científica e artista de fantasia, cujo perfil profissional sugere que escrever é seu trabalho em tempo integral. Outra funcionária listada como executiva de marketing é modelo adulta e hospedeira de eventos, que também atua em vídeos para organizações.
A página da empresa no LinkedIn tem menos de 100 seguidores e na semana passada listou apenas seis funcionários. Isso foi alterado para três funcionários na quarta-feira.
Embora a Surgisphere afirme ter um dos maiores e mais rápidos bancos de dados de hospitais do mundo, quase não tem presença online. Seu identificador no Twitter tem menos de 170 seguidores, sem postagens entre outubro de 2017 e março de 2020.
Até segunda-feira, o link “ entre em contato” na página inicial da Surgisphere redirecionava para um modelo WordPress para um site de criptomoeda, levantando questões sobre como os hospitais poderiam facilmente entrar em contato com a empresa para ingressar em seu banco de dados.
Desai foi citado em três processos por negligência médica, não relacionados ao banco de dados Surgisphere. Em uma entrevista com o cientista, Desai anteriormente descreveu as alegações como “infundadas ”.
Em 2008, a Desai lançou uma campanha de crowdfunding no site Indiegogo promovendo um “dispositivo de aumento humano da próxima geração que pode ajudá-lo a alcançar o que você nunca pensou ser possível”. O dispositivo nunca se concretizou.
A página de Desai na Wikipedia foi excluída após perguntas sobre Surgisphere e sua história, levantadas pela primeira vez em 2010.
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Fonte: Boatos.org, The Guardian