“A proposta de lei fundamentalmente confunde a relação entre a nossa plataforma e os produtores de conteúdo que a usam para compartilhar notícias. Isso nos deixou diante de uma escolha dura: tentar cumprir uma lei que ignora a realidade da nossa relação ou parar de permitir que conteúdos noticiosos circulem nos nossos serviços na Austrália. Com o coração pesado, nós estamos escolhendo o último”, diz trecho de um comunicado emitido pela empresa.
O texto, que foi assinado por William Easton, diretor do Facebook na Austrália e Nova Zelândia, também acusa o governo de ter sido intransigente com a questão. Segundo a rede social, em 2020 foram gerados cerca de US$ 5,1 bilhões de referências gratuitas para as empresas de notícias do país.
De acordo com o Facebook, a medida já está valendo a partir de hoje |
“Para o Facebook, o ganho comercial com notícias é mínimo. Elas representam menos de 4% do conteúdo que as pessoas veem no feed. O jornalismo é importante para uma sociedade democrático e por isso nós criamos ferramentas gratuitas para ajudar as organizações de imprensa ao redor do mundo a inovarem no seu conteúdo para o público”, diz Easton em outro trecho.
A ação não afetará somente os australianos, pois o resto do mundo não verá mais qualquer tipo de notícia oriunda de um veículo do país da Oceania. A gigante disse, ainda, que está conversando com o governo da Austrália há três anos, mas que infelizmente não foi possível chegar a um acordo justo para ambas as partes.
Cerco fechado para as big techs
Desde meados de 2019 o governo da Austrália discute obrigar não somente o Facebook, mas também Google, Microsoft e outras a pagarem valores para as empresas de mídia do país. Entre os argumentos, os legisladores locais entendem que as gigantes da internet geram uma receita enorme com publicidade em materiais produzidos por terceiros e que parte pequena dessa verba vai para quem produziu o conteúdo original.
A pressão para que gigantes da tecnologia paguem empresas de mídia tem sido forte na Austrália |
A proposta, que criaria um “código de conduta” para as empresas tech, está sendo redigida com a ajuda de órgãos como a Comissão Australiana de Competição e do Consumidor (ACCC).Enquanto a Microsoft concordou em repassar valores para os produtores de mídia, Google e Facebook se negaram a aceitar qualquer decisão neste sentido. A companhia de Mark Zuckerberg chegou a ameaçar que bloquearia o compartilhamento de notícias, como efetivamente aconteceu nesta quarta-feira.
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